Gestão Estratégica Integrada
Vive-se um momento de mudanças e de complexidade
organizacional crescente que vem adquirindo proporções jamais experimentadas. Estas
transformações aceleradas vem gerando novas demandas da sociedade para as
organizações privadas, públicas e do terceiro setor, que por consequência, são
pressionadas a alterar sua forma de atuar, seja gerando novos produtos e
serviços, melhorando padrões de qualidade, implantando novas estruturas ou
aumentando a produtividade e efetividade de sua atuação.
Diante deste cenário a habilidade de realizar
as escolhas certas somada a capacidade de implementá-las com consistência e qualidade
no menor tempo possível se tornam elementos chave ao desenvolvimento econômico,
social e organizacional de uma forma sustentável. Fazer isso de forma
integrada, conciliando visão estratégica com pragmatismo e disciplina é
geralmente a chave de sucesso das organizações de sucesso.
Aliar
o gerenciamento de projetos ao planejamento estratégico vem se tornando cada
vez mais um fator crítico de sucesso, para as organizações públicas e privadas.
A definição do que é valor e a construção de indicadores que sumarizem os
resultados pretendidos, tornando-os mensuráveis, devidamente desdobrados nas dimensões relevantes, proporciona às instituições
não só meios de acompanhamento dos resultados, mas a sua construção eficaz, para
melhorá-los e aperfeiçoá-los continuamente.
2. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Segundo Alvin Tofler (1980), a
civilização humana pode ser dividida em três ondas na economia. A primeira é
das sociedades agrícolas, em que o capital mais importante é a terra para uso
agrícola. A segunda é a Era Industrial, que seguiu à revolução Industrial na
Inglaterra e no restante da Europa. Os tipos essenciais de capital nesta era
são as máquinas e as fábricas. A terceira é a Era da Informação, em que mente,
informação e alta tecnologia são tipos de capital essenciais ao sucesso
(KOTLER; KARTAJAYA; SETIAWAN, 2010). A construção do planejamento estratégico
passa por adequações relevantes nesta era influenciada por comportamentos e
variações revolucionários na área de marketing
como colaboração, compartilhamento e co-criação. As pessoas constataram que seu
poder de comunicação tem impacto global e passaram a agir com base nesta
constatação, conversando entre si a respeito de suas escolhas (KOTLER, 2010).
O Planejamento é uma prática
essencial na administração, pública ou privada, qe promove a elevação da eficiência, eficácia e
efetividade da organização, bem como o aumento da qualidade das
decisões, reduzindo riscos e aumentando as possibilidades de alcançar os
objetivos propostos. O planejamento possibilita
a coordenação de diferentes pessoas, projetos e ações em curso, a
aplicação otimizada de pessoas e recursos escassos e o aumento da
responsividade ao lidar com mudanças. Pode ser entendido como um processo
interativo que desdobra em etapas o
processo decisório (MATIAS-PEREIRA, 2012).
Na estruturação do planejamento
estratégico torna-se relevante destacar a importância dos trabalhos de inúmeros
autores que trataram do tema, como por exemplo: Drucker (1962); Chander (1962,
1998); Miles e Snow (1978); Ansoff (1984); Porter (1986); Davidson (1988);
Horwitch (1988); Mintzberg (1990); Argyris e Schon (1993); McCraw (1998);
Matias-Pereira (2011) entre outros (MATIAS-PEREIRA, 2012).
Para Ansoff (1990; 1993) somente um número reduzido de organizações aplica
de forma consistente o planejamento estratégico. A grande maioria continua
empregando as antiquadas técnicas do “planejamento
de longo prazo” que se baseiam em extrapolação das situações passadas. A
gestão estratégica orientada para resultados deve fazer parte da cultura da organização,
com a utilização de métodos e ferramentas adequadas. A estratégia nas empresas
está vinculada à arte de utilizar adequadamente os recursos físicos, materiais,
financeiros e humanos, tendo em vista a minimização dos problemas e a
maximização das oportunidades (OLIVEIRA, 1999).
O planejamento estratégico deve
mobilizar as pessoas, entidades e governos para construção de um futuro que
inspire a sociedade, que estará cada vez mais mobilizada e organizada para
exigir o atendimento aos seus anseios. O planejamento não é uma tentativa de
predizer o que vai acontecer. O planejamento é um instrumento para raciocinar
agora, sobre que trabalhos e ações serão necessários hoje, para merecermos um
futuro. O produto final do planejamento não é a informação ou os planos, são os
resultados (DRUCKER, 1992).
3. GESTÃO ORIENTADA PARA RESULTADOS
A gestão de projetos alinhada ao
planejamento estratégico, à integração e ao acompanhamento em tempo real das
atividades desenvolvidas em diferentes áreas de uma organização, garante uma gestão
estratégica em todos os níveis.
A definição de objetivos estratégicos
organizacionais e um acompanhamento integrado dos projetos envolvidos para
alcançá-los, identificando os sucessos alcançados e os pontos de melhoria, a
partir de uma monitoramento integrado das atividades, cronogramas, orçamentos
dos projetos e demais itens que afetam o desempenho é um fator chave. Este tipo
de gestão estratégica integrada é facilitada a partir do Balanced Scorecard (BSC), e de indicadores correlatos dos projetos
a partir de escritórios de projetos.
Por meio do Balanced Scorecard são equilibrados as diversas visões que compõem
a estratégica corporativa, com a finalidade de alcançar desempenho superior
(KAPLAN; NORTON, 2004).
Mapas estratégicos consolidam os objetivos definidos e
os integram, criando um mapa causal que, quando bem estruturados, permitem às
organizações:
-
esclarecer sua
estratégia e comunicá-las a todos os colaboradores;
- identificar os
principais processos internos que determinam o sucesso da estratégia;
- alinhar os
investimentos em pessoas, tecnologia ao capital organizacional, para que
exerçam o maior impacto positivo possível;
- expor as lacunas
na estratégia e adotar medidas corretivas imediatas.
Indicadores de desempenho chaves ou Key Performance Indicators (KPI)
explicitam e dão forma ao BSC e aos Mapas Estratégicos, sendo instrumentos de
gestão essenciais nas atividades de monitoramento e avaliação estratégica e da
maioria dos projetos, pois permitem acompanhar o alcançe de metas, identificar
avanços, melhorias na qualidade, correção de problemas, necessidades de
mudança, entre outros. Seu desdobramento entre setores e áreas dentro de uma
organização permite a cada envolvido visualizar sua responsabilidade direta
dentro dos projetos e estratégias, e a interdependância entre as demais áreas. Por
meio de matrizes de desempenho individual os objetivos estratégicos podem ser
explicitados e relacionados de forma clara a cada colaborador, fechando o ciclo
estratégico.
4.
ESTRATÉGIA INTEGRADA (PLANEJAMENTO E REALIZAÇÃO) - Por que isso é tão difícil?
Estudos demonstram que menos de 10%
das estratégias formuladas com consistência conseguem se transformar em uma
implementação de sucesso. Isso significa que mais de 90% das organizações não
conseguem transformar um plano estratégico no resultado pretendido.
Motivos:
- geralmente se negligencia as dificuldades inerentes de
sair do terreno das boas ideias para a ação concreta;
-
imaginar que quadros e tabelas de métricas e a
definição de objetivos são suficientes para garantir resultados concretos;
-
não perceber que a realização de projetos significam
mudanças e, portanto, associado a migrações de
poder e transformações. Não há transformações sem que existam
resistências;
- negligenciar que uma implantação estratégica
compreende um alinhamento entre diversos sistemas e estruturas;
-
a alta hierarquia geralmente não acompanha e,
tampouco, provê condições adequadas para os gerentes de projetos promoverem as
mudanças e ações necessárias para a implantação da estratégia definida;
- não se considera que muitas vezes a estratégia real
que está sendo construída não é aquela que é falada nos discursos oficiais, ou
a que está escrita nos planos (a estratégia de fato não é um plano, mas o que é
realizado);
-
não considera que a estratégia corporativa de fato não
são os planos, mas os resultados proporcionados pelos programas e projetos que
compõem o portfólio de uma organização, quando são adequadamente operados, afinal
são os projetos e programas que constroem novos produtos, processos de
trabalho, habilidades, alianças e, consequentemente os diferenciais
competitivos de curto, médio e longo prazo de uma organização.
5. ALINHAMENTO ESTRATÉGICO - Uma Peça Fundamental para Obter Resultados
Para superar as dificuldades de uma estratégia
integrada, que transforme os planos em resultados de sucesso, há necessidade de
um alinhamento sistêmico ao longo de toda a organização alvo.
Para um índice de sucesso em
implantações estratégicas é fundamental integrar os diversos sistemas
organizacionais que geralmente são tratados de forma isolada:
-
Concepção Estratégica: visa proporcionar resultados
empresariais de longo prazo além dos resultados operacionais (alinhado ao
propósito, missão e visão da organização);
-Base de Trabalho: envolve o alinhamento dos projetos
às estruturas e a cultura organizacionais;
- Direcionamento: alinhamento entre os objetivos, as
métricas e os sistemas de avaliação que monitoram o desempenho de uma
organização;
-Alinhamento e Monitoramento: monitoramento e alinhamento
contínuo das atividades, entregas e resultados estratégicos dos projetos e
programas, comparando-os com as opções estratégicas da organização;
-Colheita dos resultados: garantir a transferência dos
resultados dos projetos para as operações e que estas sejam consistentes, viabilizando
a geração dos resultados esperados.
Estudos demonstram que quando existem
desalinhamentos entre os diversos sistemas apontados acima, raramente uma
estratégia se transforma em projetos consistentes e em operações de sucesso.
Por exemplo, se uma organização
deseja ser inovadora e capaz de lançar produtos com velocidade e com um baixo
índice de falhas, ela deve:
-
possuir
uma base de trabalho consistente com a inovação: incentivar a criatividade e
velocidade, praticar o empoderamento das equipes técnicas fazendo com que a
decisão ocorra no nível técnico, possuir processos leves e não burocratizados;
- possuir
um direcionamento ao longo dos diversos departamentos: objetivos claros e
sistemas de recompensa e métricas voltados para
promover a inovação, criatividade e velocidade;
-
possuir
sistemas e processos de trabalho flexíveis, leves e rápidos para uma transição
estratégica que monitore, alinhe e defina permanentemente os projetos e
programas de forma adequada com uma estratégia corporativa de renovação;
-
ser
capaz de garantir um alinhamento e monitoramento dos projetos prioritários para
que sejam realizados com a celeridade necessária à inovação;
-
fazer
uma transição rápida e consistente dos resultados dos projetos para as
operações de forma a prover os produtos corretos aos seus clientes, estar com
processos operacionais e infraestrutura condizente para uma colheita de
resultados que possa financiar os permanentes investimentos necessários à
inovação periódica.
Alguns sinais de mudanças evidenciam
um novo contexto nas relações entre pessoas, organizações, governo e
instituições. Grandes paradoxos, antes dados como imprecisos e duvidosos ganham
forma e conteúdo, em todas as áreas e em todas as dimensões. Os grandes
pensadores do passado, que construíram de maneira sólida e consistente
princípios e modelos organizacionais servem de referência apenas, não como
modelo de gestão atualmente. Nenhum deles imaginou mudanças tão significativas
nas relações quanto ao que acontece atualmente. Até mesmo Michael Porter,
considerado o pai da estratégia moderna, admite que “o mundo muda o tempo todo”
e é preciso pensar na estratégia emergente. Na estratégia emergente, em vez de
antecipar, a empresa experimenta, aprende e, com o tempo, a estratégia emerge
naturalmente (PORTER, 2010).
As organizações somente são
sustentáveis e eficazes se construírem planejamentos fexíveis e adaptáveis,
dentro de uma visão estratégica e estabelecerem meios para executá-los. “Não há
nenhum problema em formular uma estratégia, o problema é fazê-la funcionar (ANSOFF,
1977)”. O tratamento de planos de ação como projetos e o gerenciamento estratégico
destes é fator crítico para a implementação prática da estratégia.
As organizações públicas e privadas,
em seu sentido amplo de promover o desenvolvimento econômico e social
sustentável, estão cada vez mais assumindo novas práticas de gestão estratégica
integrada, pois sucesso não é só uma questão de
eficiência e eficácia, mas uma questão de legalidade e legitimidade e
ainda outros valores que transcendem os padrões clássicos organizacionais.
Texto base para material de treinamento no curso de Planejamento Estratégico alinhado ao Gerenciamento de Projetos.
Elaborado por:
Rui Wagner R. Sedor
Elaborado por:
Rui Wagner R. Sedor
Nivaldo Coletti
Jan. 2014 – todos os direitos reservados
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